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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Por dentro da Roda do Mercadinho

Pessoal, primeiramente peço desculpas se não posto com a devida frequência. Mas em meio a faculdade, trabalho, monografia, namoro e a própria capoeira, fica um pouco difícil manter uma certa regularidade por aqui. Tento sempre escrever duas ou três vezes por semana, mas às vezes me complico.

Roda do Mercadinho em 2006 (Lobisomem)
Hoje, por exemplo, estou escrevendo em um intervalinho que pude ter em decorrência da falta de um professor meu. E aproveito para falar de um post que já havia prometido: a Roda do Mercado São José, em Laranjeiras. 
Infelizmente, não posso fazer a pesquisa que eu acho que o assunto merece toda vez que posto, por isso tenho sempre que me limitar ao meu próprio conhecimento. Mas espero que seja do agrado de vocês.

Quem é capoeira sente que aquele não é um simples espaço para roda. Há alguma energia no local, quase mística, que envolve todos, praticantes e curiosos, em uma sincronicidade cativante. Uma hipótese - a qual eu acredito, devo dizer - é a de que, nos tempos do império, era lá a senzala de uma enorme fazenda localizada no Parque Guinle, ali perto. Nos anos 40, Getúlio Vargas (sempre ele!) transformou a área em uma pequena feira, para "abastecer a população com produtos mais baratos durante a guerra", pelas próprias palavras do site institucional do bairro. Tamanho axé deve ser proveniente desse contato tão próximo com os nossos bravos descendentes, pelos quais lutamos até hoje.

Gigi em ação ao comando de Mestre Camisa
Após duas décadas de abandono, o Mercadinho foi revitalizado em 1988, para ser, finalmente, tombado como patrimônio cultural em 1994, após muito esforço dos moradores da área. 
Mas vamos ao que interessa: em 1991 começou a nossa tradição em formar rodas de capoeira por lá, que docemente batizamos de Roda do Mercadinho. Hoje, 22 anos depois, desfrutamos dessa energia todo primeiro sábado do mês, em uma vadiação democrática e animada, sempre finalizada com um belo lanche da Dona Maria.
Iniciantes, graduados e professores; adultos, adolescentes e crianças; Benguela, São Bento Grande, Samba de Roda e Angola; Regionais ou qualquer praticante de outro segmento; brasileiros e gringos. Tudo é sempre bem-vindo nesse espaço que funciona, na minha opinião, como um enorme abraço. Eu mesma, mera corda laranja-amarela, já levei convidados de outros grupos de capoeira, que foram tão bem aceitos quanto em um lar qualquer.
A chamada de Camisa Roxa no Mercadinho
São tantos os que já passaram pelo Mercadinho, que, se cada um deixou uma pontinha do seu bem, pode-se explicar o porquê do alto astral de lá: Camisa, Camisa Roxa, Nagô, Cobra, Morcego, Mestre Medeiros, Nacional... E todos os outros que tenham jogado ou simplesmente batido palma de peito aberto por lá.

Pensei em compartilhar aqui alguns áudios que foram gravados por mim na Roda do Mercadinho, mas acabo de descobrir que o Blogspot não tem essa ferramenta. Fica para a próxima! Deixo aqui então imagens que catei internet adentro.

Se a razão de uma roda fechadinha de capoeiristas é não deixar o axé passar, podemos dizer que isso, as antigas paredes do Mercado São José também fazem muito bem. 

Um comentário:

  1. Muito bom. Seu texto também é semelhante a um abraço. Após a leitura, vem uma sensação parecida, confortante. Parabéns :)

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